sexta-feira, 18 de março de 2011

Música para ninar.

Quando criança, mamãe me embalava deitada em uma rede ao seu colo a me balançar de um lado para o outro. No balanço da rede, soava sua voz serena, suave e doce, cantando músicas para ninar. Quando eu falava para meus colegas as músicas, eles achavam estranho, pois não conheciam as letras e retrucava a dizer que as suas mães cantavam boi da cara preta, atirei o pau no gato e outras músicas infantis que eu só  conheci quando entrei para escola.

As minhas músicas de ninar, tinham cantoras de verdades, verdadeiras divas da MPB. Elizeth Cardoso, Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Núbia Lafayete e outras, além é claro de Nelson Gonçalves, Lupicínio Rodrigues, Jamelão, Jerry Adriani, Roberto Carlos e Adilson Ramos. Quando estava inspirada, mamãe ia mais além, cantava Maysa.

Atualmente lembro de letras como remorso, do Lupicínio, cantada por Ângela Maria e fico a brincar com mamãe, quem feriu o seu coração? Papai lhe fez sofrer assim? Ela rir e diz, essas eram as músicas de meu tempo.

Tinha uma música que mim fazia chorar. Era interpretada por Dalva de Oliveira e se chamava um pequenino grão de areia. Nossa como lembro das lágrimas roladas com pena do pequenino grão.

Lembro da felicidade de como o momento de botar para dormir, era um momento muito mais de minha mãe do que nosso. Ela era feliz naquele momento, pois afinal, como diz o ditado, quem canta seus males espanta. 

Era um momento mágico, um momento de saudade de sua juventude, de suas lembranças, de seus sonhos e que pelas músicas compartilhava comigo e meus irmãos no hora do sono.

Bom, com esta ação, herdei um bom gosto musical. Em tempo de músicas em que as letras não tem sentindo algum, só tem rítimo, recordar a hora de ninar é voltar em um tempo onde em minha mente, ao fechar os olhos, ainda sinto o balançar da rede e a suave melodia dos boleros da época das cantoras do rádio.

Sou felizardo por ter conhecido logo cedo em minha vida, as divinas interpretes da música popular brasileira. Esta saudade me faz reviver uma infância de carinho e amor materno que hoje não se faz mais presente na hora de dormir.

Jânio Barreto. 

2 comentários:

  1. Meu querido Janio, que bom que vc nasceu em outra época, fico imaginando sua mãe cantada, Quero não, posso não, minha mulher não deixa não. Outro clássico deve ser assim, O amor e feito capim, mais veja que absurdo, a gente planta ele cresce, vem uma vaca e acaba tudo. Desculpa as comparações mais foi inevitável, fiquei imaginar sua mãe colocando vc para dormir ao som destas bregas podre. Risos

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  2. Como falo no texto, Caro Sérgio, sou um privilegiado. Mas te falo com muita certeza, minha mãe, jamais cantaria para dormir o que você chamou em seu comentário de clássicos. Nem imagino mamãe cantando este lixo musical, pois citei diversos interprete e compositores que vai de encontro a sua imaginação.

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